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Perfil: Caike Falcão

“Enxergar negócios dentro do seu negócio” é a estratégia e o conselho do músico Caike Falcão, 28, para trabalhar com arte em meio à pandemia do novo coronavírus


por Vanessa Alves

Caike Falcão tocando no Hard Rock Café, em Fortaleza | Imagem: Reprodução/Instagram (@Caikefalcao)

Caike Falcão é um músico cearense de 28 anos que toca rock e blues em bares. Entre ensaios e apresentações solo, em duo ou em trio, de canções autorais e covers, ele concedeu entrevista remota, com sorriso no rosto, num ambiente caseiro. Na infância, tocava violão como hobby, talvez sem a menor ideia de que sua arte se tornaria profissão.


Influenciado pelo rock nacional, principalmente pelo grupo Legião Urbana, e pelo rock clássico, hoje, além de violão, Caike também toca guitarra, compõe e produz. Na adolescência, com cerca de 14 ou 15 anos de idade, ele teve mais contato com o rock ‘n’ roll, integrou bandas na época do colégio, participou de festivais e começou a fazer shows. O músico conta que seu primeiro show foi aos 16 e que, embora ele tenha ali começado a ter uma percepção mais profissional da música, inicialmente, não recebia cachê.


O que era hobby passou a ser profissão quando Caike tinha cerca de 20 anos e começou a tocar nas noites dos bares. Ele explica que, antes da pandemia, vivenciava uma ascensão na carreira, com produção e shows maiores. Caike diz que, quando a covid-19 se instaurou no Ceará, essa ascensão deixou de ser realidade, pois, no início da pandemia, o público não podia mais sair de casa para comprar seu material e para assisti-lo tocando e cantando.


A divulgação do trabalho do músico nas redes sociais já era frequente antes mesmo da pandemia. Ele percebe essa presença nas redes como uma boa estratégia para artistas independentes. Conforme Caike, “diferentemente dos artistas grandes e ricos que estão na TV, nas rádios e nos outdoors, nós [artistas independentes] não estamos. Então, temos que estar onde conseguimos estar: nas redes sociais. Elas são nossa TV, nosso outdoor e nossa rádio”.


Apesar disso, há um aspecto relativo às redes sociais que Caike não acha que se tornará uma realidade fixa, um “novo normal”: as lives. “Eu achava que live vinha para ficar. Mas agora acho que isso caiu por terra, pois o ser humano é muito social, não quer ver um show por meio de uma tela”, explica ele.


Entretanto, há um aspecto que Caike vivenciou que ele considera que pode e até aconselha a ser repetido durante e depois da situação pandêmica: “enxergar negócios dentro do seu negócio”, como ele mesmo chama. De acordo com o cantor, antes da covid-19, muitos músicos só ganhavam dinheiro tocando. Alguns passaram a executar outras atividades ainda no universo da música: começaram a compor e a gravar jingles, dar aulas de música e produzir. O próprio Caike hoje dá aulas, faz produções e vende camisas personalizadas.



Em relação à contradição no fato de muitas pessoas consumirem arte como “refúgio” de uma realidade mortal como é o caso da covid-19, mas os artistas não receberem o apoio financeiro adequado, Caike tem uma posição firme. Segundo ele, no país, há pessoas que desprezam serviços não julgados por elas como essenciais, valorizando apenas profissões como médicos, advogados e engenheiros.


Arte, para o músico, não é consumida gratuitamente. Ainda que não haja remuneração, o público “paga” com audiência. “Se você assiste a mim na rua, no centro da cidade, sem me dar um real, sua audiência me 'paga', pois você sairá de lá sabendo quem eu sou”, declara Caike. Contudo, acredita que é importante que a sociedade tenha consciência de que arte é trabalho e de que todo trabalho deve ser remunerado. “Isso tem relação com respeito. Para eu tocar em um bar, eu não simplesmente apareci lá e inventei o que vou tocar”, afirma ele.


Caike enfatiza que não se nasce com tudo que se construiu para ser um músico. No caso dele, precisa montar repertório, estudar e trocar as cordas da guitarra, por exemplo, antes mesmo de subir aos palcos para cantar e tocar canções. Por fim, ele nos explica, com a voz rouca após cantar durante toda a semana antes da entrevista, que seu prazer e diversão durante o exercício da profissão não anulam o fato de que ele está trabalhando.


Divulgação do single Meio Coisado, de Caike Falcão, Caio Hitzschky e Juscelino Blow. Imagem: Reprodução/Instagram (@Caikefalcao)

 

MUSICALIZOU - PARA APRECIAR: Confira os trabalhos musicais de Caíke Falcão


Single "Meio Coisado"(2021)

Single "Blequebird" do album 'River' (2019)


Single "Convite", do EP 'Segundo' (2017)








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