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Perfil: Léo Costa

"A maior dificuldade durante os lockdowns, para mim, era garantir que os locais que eu tenho parceria estivessem abertos”, pondera Léo Costa, produtor de festas que tenta se reinventar diante do cenário pandêmico


por Lucas Dutra

Nascido e criado em Fortaleza, aos 26 anos de idade, Léo Costa é estudante, militante, produtor de festas e entusiasta nas áreas de literatura, cinema, música e artes plásticas.


Com ideais favoráveis às lutas de questões raciais e da comunidade LGBTQIA+, tenta levar sua luta pessoal para os conceitos trabalhados em seus trabalhos de eventos. Mais do que produzir festas plurais, o jovem quer mostrar que farrear também pode ser um ato político.


Desde a adolescência frequenta a noite fortalezense, mas nunca se imaginava trabalhando no showbiz, tanto que seu interesse em produzir eventos surgiu de uma conversa com amigos, em uma pergunta: “E se tivéssemos uma festa própria com a nossa identidade?”. Essa indagação foi levada adiante e hoje Léo se sente realizado em poder fazer o que mais gosta: produzir festas. “Meio que eu caí de paraquedas nesse mundo, não foi algo planejado. Saía bastante com meus amigos (para boates) e embora gostássemos, não achávamos que tinha a nossa cara, e disso montamos um projeto que misturasse tudo que gostávamos, fomos atrás de vender essa ideia”, diz Léo.


Estudante de Ciências Sociais pela Universidade Federal do Ceará, UFC, e de Jornalismo pelo Centro Universitário 7 de Setembro, UNI7, o jovem tenta conciliar a rotina dos estudos com a de produtor de eventos. Mesmo afirmando ser cansativo, pois, muitas vezes tende a priorizar mais alguma das atividades, Léo diz que faz muita coisa por prazer, por acreditar que está no seu DNA a vontade de fazer e acontecer, como é o slogan de sua produtora, a Bodinho.


Das dificuldades enfrentadas por conta da pandemia, o produtor se queixa do desamparo, mas agradece por ter outras fontes de renda. Léo fala do como foi triste ver parceiros desesperados com a falta de dinheiro por conta da falta de trabalho nos lockdowns. Como tem outras atividades de trabalho lucrativas, fora a produção de eventos, Léo não precisou recorrer ao auxílio monetário fornecido pelo Governo Estadual aos produtores de eventos. Isso lhe confortou, e o fez poder ajudar alguns conhecidos que estavam em uma situação de vulnerabilidade devido à incerteza do momento.


“A maior dificuldade durante os lockdowns, para mim, era garantir que os locais que eu tenho parceria estivessem abertos quando tudo passasse”, conta Léo sobre seu principal dilema durante os períodos em que tudo estava realmente parado. Nesse aspecto, a empatia e a solidariedade com a classe foi o que motivou o jovem a realizar campanhas de doações para manter esses lugares abertos, como o que aconteceu com o Bar Cultural Lions.



Apaixonado pelo que começou a fazer por hobby, Léo afirma que nunca imaginou passar por essa realidade de caos sanitário que o mundo enfrenta. Consciente de que seu setor é um dos mais afetados, o produtor lamenta ainda o descaso, até das pessoas que frequentam as festas, com a realidade enfrentada por quem produz.


Com um currículo de produção que mostra participação em grandes nomes do cenário noturno da capital cearense, como Batukaya Geral, atual Ritmo Urbano, Bar Cultural Lions e o extinto At Home Pub, o jovem afirma que ainda é difícil a venda de novas ideias no mercado do seu segmento, pois, o cenário lhe parece um pouco engessado e fechado para a inserção de novos produtores, músicos, DJs e artistas. “Uma coisa que eu sempre quis quebrar nas festas de Fortaleza é a falta de rotatividade de artistas, é sempre as mesmas pessoas nos mesmos lugares. Sempre procuro ser muito aberto a tudo, chamo muitos convidados para tocar comigo nas festas” , diz o produtor.


Autêntico, Léo Costa acredita que o diferencial de suas festas já começa na divulgação. Além dos tradicionais banners, o produtor sempre monta um ensaio fotográfico com modelos para divulgar a sua festa. O cearense ressalta orgulhoso sobre o processo de divulgação, pois é o momento em que ele acredita que pode concretizar suas ideias e conceitos. “A divulgação é uma das grandes etapas, e é a única que eu conto com ajuda de outras pessoas, que são os modelos, geralmente meus amigos, e o fotógrafo que está sempre comigo, meu parceiro Luan Batista", disse ele.


Ensaio de divulgação da festa “Bailão”. Imagem: Divulgação

O olhar de fora, após uma entrevista, é capaz de projetar a imagem de Léo Costa como um produtor plural que se encontra desapegado de padrões e amarras do showbiz. Realizado e orgulhoso de onde chegou, sem apoio ou sobrenome, Léo parece contente onde está, principalmente, por ter começado tudo isso por acaso.


Hoje, já de volta com os trabalhos na produção de festas, Léo segue na esperança de dias ainda melhores que lhe possibilitem trabalhar em seus projetos para continuar fazendo e acontecendo, e mostrando que seu trabalho vai muito além de uma festa.


















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